sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A essência

O ser humano é acima de tudo um conjunto simples porque roça a perfeição, harmonioso mas dificilmente inteligivel, logo a natureza humana é um infinito de possibilidades.
Ao longo da nossa vida vamos fazendo o nosso caminho usando o livre arbitrio a intuição e nunca esquecendo alguns condicionalismos que vão aumentando com a idade.
Por alguma razão a infância é a idade em que tudo se pode, um pouco como o Carnaval que se aproxima, é uma época em que ninguém leva a mal, com a idade as nossas decisões passam a ter reflexo nos outros logo o túnel vai ficando cada vez mais estreito.
Acima de tudo julgo que é importante olharmos para trás não com saudade mas com admiração e nunca esquecendo uma máxima de Baden Powell que adoptei há muitos anos o importante é deixar o mundo um pouco melhor do que quando chegámos no entanto pelo que acontece à nossa volta não parece fácil deixar esse legado aos nossos filhos, mas é nos tempos dificeis que a nossa pequena gota deve contribuir para formar um oceano de mudança.
Nunca devemos esquecer a nossa essência nem os nossos sonhos, muitas vezes é a ouvir os poemas de algumas músicas que tudo isto vem ao de cima, vou deixar aqui duas letras que contribuiram para aquilo em que acredito.

Silêncio e tanta gente

Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro o amor em teu olhar
É uma pedra ou um grito que nasce em qualquer lugar
Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal aquilo que sou
Sou um grito ou sou uma pedra de um lugar onde não estou
Às vezes sou também o tempo que tarda em passar
E aquilo em que ninguém quer acreditar
Às vezes sou também um sim alegre ou um triste não
E troco a minha vida por um dia de ilusão
E troco a minha vida por um dia de ilusão
Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro as palavras por dizer
É uma pedra ou um grito de um amor por acontecer
Às vezes é no meio de tanta gente que descubro afinal p'ra onde vou
E esta pedra e este grito são a história d'aquilo que sou

Maria Guinot


Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança

António Gedeão

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